ARIOSVALDO GONÇALVES GOMES - ARI
Chegou em Carmópolis em 1964 para trabalhar na Petrobras no primeiro concurso aberto pela empresa, com o objetivo de melhorar o nível cultural de seus antigos funcionários.
Ficou acampado na cidade de Maruim, onde a sonda estava localizada. Após mudar de equipe seguiu a Carmópolis, onde todos gostaria de ficar naquela época devido as peladas de futebol, no campo do 16 de outubro. Em 1965 atuando pelo time de peladeiro da Petrobrás, logo foi convidado para jogar no 16 de outubro, através de Manoel Joventino Magalhaes, conhecido como sr. Dunga que era patrono do clube, mas não atuou pelo 16 porque a Petrobrás também formara um clube com os funcionários. Dai em diante começou a se identificar com o povo de Carmópolis. Segundo Ari, só conhecia Carmópolis quando passava de trem até Propriá com destino a Neópolis.
Já radicado em Carmópolis, por meados dos anos 70, começou acompanhar a politica de perto, e observou que o povo não tinha opção de escolha nas eleições municipais. Apenas um só candidato se apresentava e era referendado nas urnas sem oposição. Naquela época os vereadores não tinham salário, trabalhavam de graça. Eram verdadeiros abnegados.
Em 1972 a pedido do Dr. Guido Azevedo, fundou a oposição em nossa cidade, através do Partido: MDB. Época muito difícil de se fazer oposição, pois os políticos daquela época eram subservientes às ordens vindas da Usina Oiteirinhos.
Em 1974 foi feita a primeira convenção do Partido na casa do Sr. Arnaldo Pimentinha, naquele ano, Ari pedira votos nas eleições estaduais para os candidatos: Dr. Guido e José Carlos Teixeira. Parecia que a politica estava no sangue, pois já tinha trabalhando em campanha politica em Guarujá-SP. Logo, Ari foi ganhando adeptos da oposição e começava fazer reuniões em casas de pessoas que queriam mudanças. Pessoas como Dona Maria José Santiago e do Senhor Joaquim Teles de Araújo, o famoso Joaquim Ferreiro “Ferro dentro”, na ocasião sua filha dona Beatriz era vereadora da Arena que protestava bastante.
Em 1976 já com o Diretório do MDB regularizado, foi apresentado o nome do Sr. Bega Amaral comerciante do município para ser candidato a prefeito, mas devido a muitos protestos e pressões, renunciou sua candidatura para não ter seu comercio prejudicado. Foi dai então que o Ari, se encorajou e assumiu definitivamente a oposição ao lado de outras lideranças como Geraldo Matos (Peninha) e Antônio Amâncio, que foram eleitos vereadores. Naquela época era muito difícil lutar contra o poder, eleições com sub-legendas e votos vinculados, dificultava bastante a eleição, pois o eleitor teria que votar em todos os candidatos do mesmo partido, ou seja se votasse no prefeito de um partido só podia votar num vereador do mesmo partido.
Pasmem os senhores. Sem fogão a gás as pessoas de Carmópolis e Aguada tinham que pegar lenhas nas matas do Oiteirinhos, e os feitores e capatazes só deixavam pegar se fossem do mesmo lado politico dos seus patrões. Além dos terrenos que eram distribuídos para se fazer roça a pressão era a mesma. Quem era do lado dos coronéis colhiam mandioca e milho, quem não fossem passavam dificuldades. Já existia compra de votos indiscriminadamente, e essa luta da oposição era contra o poder econômico. Só fazia oposição naquela época quem tinha coragem mesmo.
Vendo as necessidades do povo carente, Ari iniciou um trabalho social nas comunidades, naquela época conhecidas como senzalas de Oiteirnhos, Vai quem quer, Jericó, Poções, Mercê de Baixo, Mercê de Cima, Panelas e Mangueiras e com alguns amigos levam ajudas da Petrobrás aquelas pessoas.
Ari tinha um carro velho de som com duas cornetas uma pra frente e outra pra trás e fazia muita suada nos comícios. Foi também responsável em trazer o primeiro trio elétrico pra nossa cidade, as pessoas ficaram abismadas, pois só ouvia falar de trio na Bahia. Ari formou um verdadeiro batalhão de amigos que queriam mudanças, em Carmópolis: Marlene Amâncio, Álvaro Augusto da Silva, Dona Bite, Boi de Barro, Zé Ramos conhecido como Passo Longo, Zé Barreto Bomfim (Zé rato), Joaquim Ferreiro, Zé Bidinho conhecido como “40” entre outros. Em Aguada, Otoniel Pereira dos Santos, Marizete Siqueira do Treme, Dona Maria Ramos, Simião Siqueira Gois, Professora Margarida, Professora Carminha, Marileide, Paulo de Jesus entre outros.
Foi em 1976 que Ariosvaldo o ARI participou pela primeira vez de uma campanha como candidato a prefeito, pelo MDB e o grupo da situação comandada pelos donos do Oiterinhos, lançaram dois candidatos contra Ari. Volney Leite Alves e José Fontes Barreto-Barretinho pelo partido da Arena. Mesmo assim Ari foi o mais votado, não assumiu, porque juntaram os votos da arena I e II e mesmo assim a diferença foi menos de 50 votos. Assumiu então Volney Leite que obteve mais voto do que Barretinho, e governou Carmópolis por seis anos.
Em 1982, Ari construiu um trio elétrico, que foi apelidado com o ARIZÃO. Com o trio eletrico, Ari ganhava força e mais amigos, nos comícios além do Trio Arizão, contava também com a batucada de Jadinho, que também foi vereador da oposição. Na eleição desse ano, o MDB ja era PMDB e a Arena já era PDS. E Ari mais uma vez foi para uma campanha desleal enfrentando três adversários, Gileno Alves de Melo, Roberto Sobral e Gilbertinho Amaral de uma mesma sigla da sublegenda PDS. Mas uma vez Ari foi o mais votado, mas não assumiu, e a soma dos três candidatos juntos deram a vitória a Gileno Alves que governou Carmópolis também por seis anos.
Em 1988 Ari seria candidato mais uma vez a prefeito. Nesse ano foi acabada a sublegenda para prefeito, quem tivesse mais voto seria eleito. Depois de muita luta durante todos esses anos Ari se via sem apoio necessário para decolar sua candidatura. Houve muita pressão politica, pois um dos candidatos a prefeito era Volney leite, e Albano Franco que já tinha se comprometido em apoiar Ari, recuou e apoiou Theotônio Neto, que volta pra Carmópolis para ser candidato a prefeito com apoio do então prefeito Gileno e das lideranças estaduais. Ari então recuou e como alento foi ser diretor administrativo do Detran/SE, que também mostrou competência os anos que ali trabalhou.